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Eu sou as folhas, o vento...
Os primeiros pingos de chuva.
O céu pintado a cinzento.
Que traz os arrepios a pele.
E a última neblina do dia.
Sou a montanha ofuscada.
Que não deixa de estar lá.
As estrelas que se esconderam.
Porque as nuvens se encapelaram.
Mesmo, sem começar a chover.
Sou fonte, a jorrar sobre mim.
E a pedra que me apara.
Um grão de trigo e a seara.
O espantalho solitário...que caminha p'la vida,
com calçado um número acima e as roupas emprestadas.
Sou a romã, aberta ao meio.
Junto a nozes, também partidas.
Um olhar sempre castanho,
entre ramos que se despem,
das roupagens de Verão.
Sou a ave no fim do bando.
Que não sabemos...
Se tenta chegar-se à frente.
Ou... segue na cauda indiferente,
aos líderes costumeiros da vida.
Sou o que for não importa.
E serei sempre o não suposto.
Caminho da frente p'ra, trás.
Sobre chão que subjaz,
um céu virado do avesso.