Após tantos anos.
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Pergunto-me sinceramente porque escrevi tantas vezes desnudando-me por completo? Sem resguardo, crédula de, as asas não me falharem no limite de segurança, lancei dos penhascos no ar sem perceber quão séria seria a queda. Compreendendo por fim que caía, já quase a rasar o solo, não tentei ajuizadamente remediar o desfecho?
Pergunto-me por que razão continuo clara como água, legível qual vidro embaciado onde mão anónima deixou rasto. A sentir sem travão, sofrer até ao tutano, travar batalhas que não são minhas em nome de quem nunca fará ideia do que me debati em nome da sua causa?
Pergunto-me realmente: o que faço às iniciais barricadas, muros, represas que me proponho nunca derrubar, nem que neles se abram frestas, se termino sempre despida?! De mãos abertas e coração escancarado, como quem vibra ao mortificar-se.