Balanço Anual
Até as flores parecem-me dobradas.
À beira caminho, nos lados das estradas.
No mar a cor viva, está mais desmaiada.
E ao provar as ondas, a carga de sal, arranha a garganta de tão saturada.
Apesar de haver sol, o seu brilho não fere a vista desarmada.
O cinza azulado no céu matizado, antevê uma tarde viúva e gelada.
Enquanto deambulo na natureza fixada.
Estabeleço um balanço daquilo que já é, uma vida passada.
Desejando poder numa tecla deter,
a possibilidade de voltar e simplesmente emendar, ou então apagar.
Erros possíveis, lembranças terríveis.
E a fé que depus em tudo que acabou, reduzido a nada.