Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Silêncios

Talvez poesia. Um sondar d'alma e pouco mais. Fosse eu apenas seria brando, na que escreve não tenho mão.

Silêncios

Conforme a Lei

06.12.24, Maria Ribeiro

 

Nuit Arbre Lune - Photo gratuite sur Pixabay

Imagem: Pixabay

 

A noite estava incrivelmente fria e estranha. No ar, um bafo cinzento, exalado por um nevoeiro moribundo, pairava. O silêncio de cortar à faca deixou antever pouco depois, no chão, uma poça de sangue. Ainda quente!
Perto, suficientemente longe dali, ouviu-se uma gargalhada histérica. Seguida de um grito rouco de satisfação! Nesse preciso instante o nevoeiro levantou como se ao rir o responsável o sugasse para se ver bem o estrago. O sangue era humano. Faca ou outro artefacto, não estava lá, mas os cortes eram reais. Precisos!
O som de algo a arrastar-se e a gargalhada ziguezagueante tornavam-se mais distantes até ficarem indistintos e inaudíveis. Até ao presente não houve explicação para o caso. E a vítima vasculhados todos os ficheiros possíveis, não se lhe descobriu nome, nem proveniência. Os resultados dos despojos mortais, analisados meticulosamente conforme a Lei, foram inconclusivos. Logo, infrutíferos! 
Concluindo: Todos os dias e horas têm uma certa, para morrer. Na perícia também há caminhos que se fazem sem chegar a lado algum. Humano ou extra, Terra, o golpe de misericórdia foi desferido.