Fogo Eterno
Deixa-me arrebatar-te. Tomar para mim o território que constituis da cabeça aos pés,
sem derramar um fio de sangue.
Fazer-te um refém da volúpia,
nunca agrilhoado.
Içar em ti o meu pavilhão desfraldado.
Dar-te carta de foral, sobre o meu corpo rendido.
E comigo...
Compores um hino sobre epopeias conjuntas.
Montados em corcel, de todo,
alado.
Depositar-te no aposento mais nobre do meu palácio.
Recitar-te o carácter conciliador da minha linhagem.
Alforriar-te,
sem meu escravo seres.
Embora secretamente deseje que te submetas a mim sem direitos, nem deveres.
Ou...
Deixa-me, se quiseres.
Ser a tua moura encantada. A tua serva,
nunca escrava!
Entre frutas sumarentas, doces, carnudas.
Licores exóticos, véus, veludos, essências, cetim.
Iniciar-te na arte do Sharqi.
Perecermos enlouquecidos d'amor,
nesta invenção de um mundo paralelo a dois,
paladino meu!
Que, do que nos afasta, proíbe ou condena,
trataremos depois.