Fugitiva
11.11.24, Maria Ribeiro
Imagem: autossustentavel.com
Por algum tempo urge-me fugir da rotina, respirar pelos olhos.
Ver com a alma.
Deixar que o coração me caia aos pés, sentir a terra.
Depor um beijo nas árvores e flores.
Ondular as mãos como as asas dos pássaros.
Descolar sem sair do lugar nem perder o rumo.
Vou, rodopio, canto, assobio, danço!
Solto lágrimas de alegria.
Saúdo o cimo das montanhas.
Ziguezagueio sobre os rios, curvando onde se inclinam.
A direito, encontro o mar e baixo…
Até tocar a superfície das águas.
Desenhar-lhes um sulco leve, qual afago doce, na água salgada.
Embravecida e gelada.
Preciso ir, sem te deixar para trás!
Viver, sem ser contigo ao lado.
Chegar aonde nunca fui, mas encontraria sempre à minha espera.
Chamar unicamente a mim, o que partilhamos.
Ficar.
Esquecer.
Sem perder a noção de mim.
A noção de nada.
Encontrar-me.
Reunir as minhas peças, dispersas.
E regenerada.
Recomeçar tudo de raiz.
Uma.
Outra vez...
As vezes que forem precisas!