Gata Borralheira
06.01.25, Maria Ribeiro
Imagem: Dreamstime
Chamam-lhe poeta, poetisa.
Ela continua a torcer.
A lavar.
E a estender.
Lençóis, cuecas, camisas.
Mexer o tacho. Provar o sal.
Servir a sopa.
Raspar pratos.
Deixá-los de lado a escorrer.
Na mente sempre uma rima.
Que mal fecha os olhos, lima.
Sabe ao acordar,
esquecer.
Chamam-lhe fantasista, trovadora.
Dizem que sabe escrever.
Ela qual Gata Borralheira.
Faz a cama.
Põe a mesa.
Limpa o fogão e a gaiola.
Acha-se uma sonhadora.
Liga o rádio, cantarola.
E continua a varrer.