Uma reunião de amigos
Imagem: Leroy Merlin
O senhor Chocolate, na sua casa no Brasil, recebeu certo dia, uma carta da Dona Canela que morava no Sri Lanka, comunicando-lhe que estava na hora de o visitar. Portanto, se fosse oportuno... dois dias depois entrava-lhe em casa com um bonito bronzeado. O Chocolate ao vê-la ficou muito feliz!
O Senhor Chocolate era muito moreno, quase negro. Tinha um corpo robusto e estar perto dele era um regalo! O seu perfume era irresistível. Dona Canela não lhe ficava atrás. Embora mais esguia, cabelo enrolado e apanhado atrás da nuca, muito elegante, deixava um cheiro estonteante por onde passava. Após cumprimentarem-se, decorrido o ano inteiro à espera da grande festa anual que se avizinhava, voltavam a ver-se! Era um motivo de júbilo!
Punham as conversas em dia, combinavam a melhor forma de, ao comparecerem, dar tudo de si, para a festa ser um sucesso. E desta vez Dona Canela comunicou-lhe que não vinha só. Trouxera consigo outra amiga. A Dona Baunilha!
"Agora que se lembrava... deixara-a lá fora a aguardar a permissão dele para entrar e urgia, porque estava muito calor, que a fossem buscar."
Dona Baunilha vivia no México, mas o calor do Brasil era diferente. O Senhor Chocolate ficou felicíssimo! Detestava viajar sozinho. Se desta vez a viagem se fazia a três, tanto melhor!
Dona Baunilha afogueada, entrou e foi muito bem recebida. Com enorme alegria o Senhor Chocolate foi buscar refrescos para os três; mostrou-lhe a casa e achou melhor que, para as amigas se retemperarem, pois a viagem até ali fora longa e a outra não seria menor, irem no outro dia.
Nesta altura do ano, viajavam muitas especiarias, condimentos e alimentos pelo mundo fora. Uns mais específicos iam para Inglaterra, outros para os Estados Unidos, Índia, França, Itália, Alemanha. Até para a China e o Japão. Eles vinham para Portugal.
E nesta grande festa de alegria e partilha uns enobreceriam lindos bolos. Outros saborosos pudins. Os mais apimentariam assados, tartes, empadões. Estabilizariam musses, embelezariam bebidas e também se cruzavam uns, com os outros, em muito mais que ia à mesa.
Quando o Senhor Chocolate chegava, parava tudo! As crianças eufóricas corriam para ele. As mães não passavam sem a Dona Canela e adoravam a Senhora Baunilha.
Nesta altura, em todas as casas e ruas, pairavam no ar, os mais apetitosos e delicados cheiros. Que se juntavam aos cânticos e luzes dos variadíssimos enfeites, quer citadinos, quer das vilas e lugares. Muitos deles chegavam a dar as boas-vindas a quem chegava, incluídos nas lindas coroas de natal penduradas nas portas.
História incluída no livro "Canela e Chocolate, 12 histórias de Natal" 2010