Minha Mãe, minha amada!
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Invade-me um quebranto profundo. O dia está cinzento, mas a minh'alma, mais negra que a fuligem de uma acha queimada gelada no bordo da lareira empedrada. Também ela esbotenada. Não sopra brisa, nem cai geada. Mas eu? Transformei-me numa vela apagada, sobre a neve tombada, num dos cemitérios da urbe apressada.
Olhos fixos numa clepsidra imaginária desregulada, revivo e recordo o último dia completo na Terra, da mui amada Mãe que me pariu em manhã de Primavera, quiçá como eu, tal qual, enevoada. Quebrantada.
Doem-me os ossos todos do esqueleto desengonçado. Recusam-se-me os passos a um só ensaiado e logo abortado. Sou. Estou. Para aqui acabrunhada. Sombra apenas, alma penada
"Ah, minha Mãe, minha amada! Quem tem uma mãe tem tudo. Que a não tem…"