Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Silêncios

Talvez poesia. Um sondar d'alma e pouco mais. Fosse eu apenas seria brando, na que escreve não tenho mão.

Silêncios

Não serventia

07.02.25, Maria Ribeiro

 

une la personne en portant une fumant tasse de café dans une vaguement  allumé pièce sur une froid soir 53212189 Photo de stock chez Vecteezy

Imagem: Vecteezy, by Yganko

 

 

Servem-me as mãos pratos que alimentam toda a gente.
Confeccionados com sabor e pitadas de amor quente.
Servem-me as mãos para crochetar e laçada após laçada, 
a linha reproduzir a figura desenhada.
Servem-mas as mãos para afagar
Para dar colo e proteger.
Servem-me as mãos para estender
Roupa após lavada numa corda, de enfiada.
Servem-me as mãos para grafar.
Palavra sobre palavra.
Rimas e prosas tecer,
como necessita o inquieto,
Desfasado do seu tempo
Que vive para escrever.

Servem-me as mãos para amar.
Todos os preconceitos rasgar.
Perdendo sentido de estar,
e a noção de respirar.
Servem-me as mãos para acenar.
Coisa que não aprecio.
E vulgarmente entristece.
Servem-me as mãos para rezar.
Porque há confiar.
Na intenção profunda da prece.
Servem-me as mãos para lavar o rosto, vestir-me, calçar-me e beber...
Uma chávena de café forte, que bebo quase a ferver.
Servem-me as mãos para reter nelas a onda do mar.
Que me escapa entre os dedos, deixando resquícios de areia. E sal para eu provar.


Servem-me as mãos se acanhada.
Para às bochechas levar, quando me sinto corar e fico atrapalhada.

 

Servem-me as mãos para revolver, no que me irá condoer.
Que às vezes ao recorrer-lhes, para essa dor esbater, vejo não servirem para nada.