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Silêncios

Talvez poesia. Um sondar d'alma e pouco mais.

Silêncios

O abraço da Melancolia

24.02.25, Maria Ribeiro

 

a woman with a blue eye and a brown eye and a bushy face with a blue eye

Freepik, Tereza Images, gerada por IA

 

Estendo-te as minhas mãos de olhos baixos.
Porque olhar-te em certos dias é esforço imenso.
Não que me habite o desafecto ou a distância entre nós, seja o que pretendo.
Avalio apenas quão insignificante sou quando a melancolia ordena.
E desfiando desgostos antigos, recentes penas.
Desejo poupar-te ao poço onde caio periodicamente.
Sabendo que ali ficarei por algum tempo,
somente...
Quero ver-te sorrir!
E o meu cinza carpir,
ainda que o disfarce e, no fundo, ache.
Não é coisa que a alguém ao meu lado, deseje que aguente.

 

Sei quantos metros o poço mede de profundidade,
Uma vez, no fundo, como suportar-lhe a decoração.
Aguentar na terra batida e na escuridão,
O frio, o sepulcral silêncio
e a solidão.
Fazer disso tudo impulso para ao cimo ascender.
Porque o poço, também conclui.
Não é lugar para ficar, nem sequer viver.
Olho-te então com os olhos baixos e de mãos estendidas.
Para que me acompanhes e para que ignores, fraquezas e recidivas.
Respeitando eu os momentos maus que tens pelo caminho,
Para sabermos que nenhum dos dois, caminha sozinho.