Parar para presseguir caminho
Imagem: Unsplash
O certo é que morrer é inevitável. A qualquer momento a vida cessa e quem fomos, o que fizemos realmente não importa. A menos que as acções praticadas sejam de uma gravidade tal que interfiram com a normal rotação e rotina do mundo. Infelizmente nem a vida se altera, nem o mundo pára, sempre que uma guerra despoletou e ceifou indiscriminadamente a vida de inocentes, deixou culpados à solta para refazer e até progredir nela apesar das suas práticas. Não se altera sempre que uma criança é violada, uma mulher espancada, um homossexual é encontrado na berma assassinado, a cor da pele ainda influi no direito a viver e a singrar.
Não nos atribuamos valor incomensurável. Na realidade a nossa existência, igual à de tantos, é irrelevante. Não mudará o rumo da história, não inscreverá o nosso nome no muro dos imortais.
Para aguentar a vida, no melhor e pior; a velocidade diária a que se vive, há forçosamente que abrandar. Parar um segundo, ou dois para respirar. Abrir bem os olhos para o que é verdadeiramente marcante e devemos reter. Coisa que nos escapa diariamente, ainda que ao fim de cada dia nos propúnhamos a ser diferentes no dia seguinte.
Parar para conseguir continuar caminho. Requeira esse caminho as pausas necessárias. E mesmo assim, talvez parar, nos pareça ineficaz, quando o corpo se imobiliza e descontrai, mas a cabeça soma se segue. Enfim...