Roxo uva sob negro integral.
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Na véspera do dia em que as superstições todas andam à solta, ajustou e compôs a costura das meias de vidro negras na barriga da perna, elevou-as à coxa, gostando do efeito liga bordado no bordo. Vestiu o tailleur preto, sob o soutien acetinado roxo uva. E na frente do espelho examinou a perfeição dos cabelos mais azeviche que a noite, longos, lisos, caídos naturalmente sob os ombros.
Passou o eyeliner nyx, com a mão segura, na pálpebra superior direita. Repetiu o gesto na esquerda, contrastando-lhe com a pele aveludada de porcelana. Finalmente, aplicou o bâton. Condizente com o rendado da roupa interior.
Calçou os sapatos de salto fino, tão enlutados como a data do dia que estava prestes a entrar. Deu quatro passos e abriu a enorme porta envidraçada da ampla varanda, no décimo andar, que a brindou com a habitual vista de cortar a respiração. Retirou do balde a garrafa de champanhe bem gelado e serviu-se de uma taça.
Fixou a Lua cheia, em todo o seu esplendor e deixou escapar um uivo longo que ecoou pela noite. Levou-a depois aos lábios e murmurou para consigo: "Feliz sexta-feira 13!"