Sem me saberes sempre contigo
Imagem: Homeflora
Hoje o dia é teu!
É tua a mágoa.
Esta tez carrancuda.
O alinho desalinhado na aparência.
As questões de sempre.
Os arrependimentos do costume.
Os desconforto em todo o lado.
As lágrimas.
A ira que sopra agreste a meu favor.
A inabilidade do que fazer ao amor.
Se há perdão?
Vida além da morte?
Não que importe.
Mas convinha o reencontro.
Cerzir os pedaços rôtos.
Continuar o não feito.
Estreitar-te no peito.
Pentear-te a cabeça rala.
Com os lábios só, afagá-la.
Deitar-me no teu regaço e ficar.
Cúmplices como antes
Sem reparos mútuos, a conversar.
Porque abomino falar sozinha.
Ali deixada.
Especada.
Como se o Destino me assentasse uma bofetada.
Virasse-me as costas p'ra não voltar.
Engolir em seco.
E escutar o eco.
Da vida que me deu Vida, desvanecer.
O abrir dos botões das Cerejeiras.
As "velas" do Moinho-de-vento na sacada.
Os teus passos lentos, custosos, a subir a escada.
Tanto, tanto...
Que nos definiu.
Reduzido a nada.
Parabéns, mãezinha!
Amo-te muito.