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Silêncios

Talvez poesia. Um sondar d'alma e pouco mais. Fosse eu apenas seria brando, na que escreve não tenho mão.

Silêncios

Mais um nada e...

08.01.25, Maria Ribeiro
  Imagem: Freepik, generated with AI   Agora tudo se torna pequeno. Indiferente. O que me altera as pulsações, traz ao rosto a sombra do desalento, tanto mais sofrido a cada ano, que descompõe, é a falta dos meus pais. Ao pé disto é tudo irrelevante. Desfaz-se como a névoa perante um simples raio de sol mais teimoso e queimante. Agora dou ainda mais valor aos olhares que veem através nós. Ficam para lá do que houver porque se reveem nas falhas e nos esforços diários (...)

Após tantos anos.

05.01.25, Maria Ribeiro
  Imagem: Freepik   Pergunto-me sinceramente porque escrevi tantas vezes desnudando-me por completo? Sem resguardo, crédula de, as asas não me falharem no limite de segurança, lancei dos penhascos no ar sem perceber quão séria seria a queda. Compreendendo por fim que caía, já quase a rasar o solo, não tentei ajuizadamente remediar o desfecho? Pergunto-me por que razão continuo clara como água, legível qual vidro embaciado onde mão anónima deixou rasto. A sentir sem travão, (...)

A partir do fim, recomeçar!

03.01.25, Maria Ribeiro
Fotografia minha: Dornes   Não há vidas perfeitas, pessoas perfeitas. Até os momentos completamente perfeitos são raros. O coração parece querer sair-me do peito, o seu habitat, quando me sobe à garganta e tenta evadir-se-me pela boca. Cercada desta certeza, vivo perfeitamente adaptada às desvirtudes de mais um ano que começa e à minha total incapacidade de fazer mais que tentar aperfeiçoar-me.      

Os novos suportam-no bem.

17.12.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Freepik     Dói mais aos velhos nos ossos a saudade que o frio. Os rostos de Natais passados, sempre presentes, desembrulhados, nunca careceram de fita ou papel que os envolva. E enquanto os sinos tocam, as vozes elevam-se e as luzes faiscam, perpassa-lhes no olhar essa falta quase ultrapassável da mão que aconchega. Um beijo ao deitar.    

Máscara

28.11.24, Maria Ribeiro
  Imagem. Amazon     Um dia a praga tomou conta de todos os cantos do mundo. Outra vez! Por toda a parte a morte passeava livre e faminta, dizimando famílias inteiras. Noutras deixando cínica e divertida, os mais frágeis, desprotegidos. O mundo inteiro parou. Um silêncio profundíssimo só perturbado pelas asas dos pássaros instalou-se. As estatísticas diárias cresciam sem ver-se-lhes no horizonte o pico. Os cadáveres amontoavam-se nas morgues. A Humanidade perdia a guerra sem (...)

Dedo que adivinha

20.11.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Depositphotos   Cuidei que me iria sem passar por isso. Mas a intuição atraiçoa-me e quando o pensamento martela na possibilidade que desejo impossível, quando muito, improvável, não tarda acontece! Foi assim quando um dia me vesti de distanciamento, amante do isolamento sem me sentir isolada, que ele foi imposto. A toda a gente! É assim quando no espírito começa formigar-me uma desconfiança que raramente não se verifica real. É este malvado ar velado, pesado, (...)

Príncipe Glaciar

19.11.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Depositphotos   Sinistro! Aparentemente normal tinha a alma mais escura que a noite mais densa. O carácter deformado. Por fora, todo ele era aprumado, atencioso e bem parecido. De nascimento inferior diziam subira a pulso por meio de favores, acordos suspeitos, manigâncias extremas a que poucos ousariam deitar mão. Aparentando grande inteligência, era realmente um atamancado intelectual que disfarçava bem e enganava tudo e todos apresentando as ideias como suas, provindo (...)

A Sacralização de um Abraço

24.10.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Dreamstime, gerado por IA   Abraçar é das coisas mais íntimas especialmente se acontece repentino apanhando indefeso quem não tem como escudar-se e, mais não pode fazer, que corresponder a esse gesto tão natural; como a nudez de alguém surpreendido ao sair do banho, por olhos inesperados, que palpam a beleza carnal do modelo diante si.  Por isto quis a certa altura da vida estar atenta de onde e quem poderia partir aquele (en)laçar invisível que comprime coração (...)

Arrebatamento

19.10.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Freepik   Às vezes abro isto para dizer alguma coisa. Fico parada e realizo que: O tudo dito, nada me diz. O que haja para dizer carece de um incalculável arrebatamento para continuar a fazer-me vibrar e achar-lhe sentido. E não sei se, no fundo, de mim há ainda uma centelha capaz de trazer-me redenção.    

Martírios impostos

16.10.24, Maria Ribeiro
    Imagem: Dreamstime   Por que nos rodeamos de rostos que nos miram, acenam, sorriem; evocam momentos que não têm como repetir-se? Lembram os laços que nos ligavam. Teimam permanecer, mesmo quando na fotografia se esbatem? Por que tentamos segurá-los aqui, com unhas e dentes, agarrados a um sofrimento quase tão exasperante como viver além do que nos foi concedido, quando nada no-los pode devolver?!    »« Viver eternamente mantenho: seria estar exposto à excruciante dor da (...)