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Silêncios

Talvez poesia. Um sondar d'alma e pouco mais.

Silêncios

Baile

14.11.25, Maria Ribeiro
  Imagem: Freepik   Beija-me o vento. Como amante desatento, sopra. Rápido se afasta. Indeciso, volta. Bate-me a chuva. Inclemente. Como se a houvesse ofendido. O vento fosse parente, marido. Persegue-me o raio Conivente qual, gente, zaragateia o trovão. Estremecendo as janelas, para soltar a tensão.   E eu danço com as folhas, que giram no ar. Impávida à chuva. Ao vento a soprar.   Aceno ao raio. Cumprimento o trovão. E prossigo sapateando nas poças e chão.  

Vicissitudes

06.11.25, Maria Ribeiro
  Foto Mariana Beltrame, Studios   Quando acordo com um fio d'água a escorrer-me dos lábios... Sei que fui por beijada ardentemente por ti. Impetuosamente amada. E na impossibilidade gritante de me dizeres adeus, mas ficar ser impossível. Magoar-me ao despertar para a realidade de um sonho recorrente. Imprimes em mim o teu sabor, o saber... Que um amor irrealizável tão forte não fere a um só. Mas os dois. Quando acordas encharcado. Com o lugar para mim reservado, vazio a teu lado. Di (...)

Comme d'habitude.

05.11.25, Maria Ribeiro
  imagem: iStock   Ouço dizer vezes sem conta que choveu. Tremendamente! Trovejou como nunca, talvez. Que o vento quis ser originalmente violento. E não conseguiu. Na minha idade. Sabe-se que outros ventos foram mais trágicos. A chuva calamitosa. E o trovejar intermitente quem nem lâmpada fundida. Tirou vidas. Que o Outono malquisto será sempre culpado. Porque no Estio a culpa morre solteira, comme d'habitude. E se por acaso chover na Primavera... É do Inverno o malefício (ainda). Sab (...)

Artificial(mente)

04.11.25, Maria Ribeiro
    Imagem: Pixabay, Henriksen19   Um país não é um homem. Um homem não é outro homem. Uma cidade sem homens é nada! E a poesia sem mão humana. Escrita por qualquer mente fictícia, por mais bela e rigorosa, Quer na emoção, quer na forma. Resulta insossa e raquítica.   Passa a vida alheada. Dos que ficam e dos que vão. Os que esbanjam porque sim. E os que esgravatam por pão. Uns ilustres cidadãos. Outros pobres coitados. Quando ser homem representa…   Ser homem em (...)

Coração Outonal

03.11.25, Maria Ribeiro
  Imagem: by syda_productions on Freepik   Dá-me um molho de folhas secas. Apanhadas por ti à mão. Deixa ficar as prendidas, gozar o resto das vidas e oferece-me as que estão no chão.   Dá-me um cesto de pinhas. Ou simplesmente um punhado. Com fruto ou vazias por dentro, perfumadas das resinas, que escorrem para o prado. Dá-me ramos e bolotas. Castanhas mesmo com o ouriço. Que mesmo com luvas rôtas. De lã, com dedos à mostra. Ficarei grata por isso. Dá-me se o (...)

Tinta e Sangue

29.10.25, Maria Ribeiro
  Imagem: Direitos de autor: Flynt | Dreamstime.com   Nada almejo. Caminho sob a chuva fininha e miúda. Inalo os perfumes outonais das madrugadas e ocasos. Olho o cume da serra envergonhado a sobressair da bruma cerrada.  Compreendo que nada é meu e tudo passa a correr. Um café na mão a escaldar. Um chá, quiçá...   Nada almejo. Deixo aos relógios o pouso sobre a mesa de cabeceira. Aos dedos a simplicidade nua da carne sem adorno. Legitimo a incorruptibilidade do papel mesmo (...)

Torrente

29.10.25, Maria Ribeiro
    Imagem: 123RF, oshepkov   Chuva? Também pode ser. O pinga, pinga que desce do peito de uma mulher. À lágrima corrente p'la fronte. Os braços, o horizonte. Boca e falo consolo, do Homem que ela quer.    

Sempre Eterno

14.10.25, Maria Ribeiro
  Imagem: Wikipédia, Sempre-Vivas   Naqueles dias... Em que éramos ingénuos. O amor embatia em nós, como ondas de sete metros.  Mas pés fincados na areia, enterrados até aos joelhos, Não temíamos morrer que fosse.   Naqueles dias... Em que amar era novo, puro, ardente, louco. Ébrios, cegos, moucos. Todos acreditámos erroneamente, num para Sempre!  

Onde chover ou nevar

09.10.25, Maria Ribeiro
Quando a neve cair, onde a houver Que eu não  veja, tão longe estou. Há-de ainda assim ter marcas minhas, Quer nos passeios e estradas, Parapeitos de janelas carregadas, Onde marcas de patas, também deixadas, Pelas pequenas aves endiabradas, Constrastarao... Com todas as quis deixar no chão, Só imaginadas, Na minha alma. Tão carente dela, como o coração.    Onde chover ou nevar. O vento pele enregelar... Estou eu! Por mais longe que possa estar.        

Madrugadas de Outono

02.10.25, Maria Ribeiro
  Imagem: tensor.art/images, AI-studio    Há nas madrugadas de Outono a calma, Que falta às suas irmãs de Verão. A brisa que sem ser gélida, Cúmplice da fúlgida Lua, Desaltera a pressa interna, Ritma-nos a respiração.   Há nas madrugadas de Outono, Uma dormência melancólica, Aquela indolência harmónica, Que no Verão nos aprisiona, Numa confortável cama de lona. Enquanto as ondas rebentam.