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Silêncios

Talvez poesia. Um sondar d'alma e pouco mais. Fosse eu apenas seria brando, na que escreve não tenho mão.

Silêncios

Gata Borralheira

06.01.25, Maria Ribeiro
  Imagem: Dreamstime   Chamam-lhe poeta, poetisa. Ela continua a torcer. A lavar. E a estender. Lençóis, cuecas, camisas. Mexer o tacho. Provar o sal. Servir a sopa. Raspar pratos. Deixá-los de lado a escorrer. Na mente sempre uma rima. Que mal fecha os olhos, lima. Sabe ao acordar, esquecer. Chamam-lhe fantasista, trovadora. Dizem que sabe escrever. Ela qual Gata Borralheira. Faz a cama. Põe a mesa. Limpa o fogão e a gaiola. Acha-se uma sonhadora. Liga o rádio, cantarola. E (...)

À Lareira

02.01.25, Maria Ribeiro
  Imagem: Freepik   Sobem os dias ao pico do Inverno. Que as noites amorrinhadas só dão por si consoladas, à lareira abafadas.   E quando a inspiração assalta de surpresa. Folha e tinta sobre a mesa. As horas por quem escreve a voar, Por certo o irão encontrar, desperto e a apreciar, o nascer da madrugada.   De hoje em frente é um pular,  nas horas a clarear, Coisa indiferente ao poeta. Só vê papel e caneta. E na busca da inspiração. Concebe sem hora certa.

Eu, pequenina

12.12.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Quinta do Prado, Rota do Romântico   Talvez o frio aqui não seja frio. Não para quem o sente a açoitar-lhe a pele a norte. Mas que gosto dos dias assim... Gelados com sol a pino, isso gosto! Nariz tão gelado que cuido já não o ter. As mãos, só nos bolsos, enfiadas. Porém, não se forma ainda no ar, aquele condensar, que me faz vibrar como lá atrás fazia. Menina! Na terra de meu pai. Entre o milho orvalhado. Os Fetos e as pencas, sob a ramada da vinha. Ah, que saudades! Do Monte Farinha.

Génio

11.12.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Freepik   Nem sapatinho de cristal. Asa translúcida de fada. Vara de condão. Garboso cavalo alado. Provecto mago afamado. Bicho que se esconde ou hiberna. Na sua lura ou caverna. Ponte levadiça. Portal. Nada de berço real. Castelo, nem casa de campo. Tinha o escritor no seu canto. Numas águas-furtadas sombrias. Quando à luz de um coto escrevia. Tantas das suas histórias. Que... Sem sair do lugar, seria impossível contar. Enquanto a chama tremia. As mãos enregeladas doíam. (...)

Está o Inverno a caminho...

10.12.24, Maria Ribeiro
    Imagem: Depositphotos, Alex Ugalex    Está o Inverno a caminho.Num Outono que soube a Verão.Nem o nascer do Menino,amaina o sol a pino.Traz alguma concórdia à Terra.Sana o ódio e a cobiça,que os grandes senhores da guerracarregam no coração.  Há cânticos por aí a soar.Luzes belas a brilhar.Mercados, Feiras de Natal.Gente que passeia cega e surda.Que de ano para ano não muda,a sua maneira de estar.Enxergando o que é real.Para ao outro poder abraçar.  Parece que os (...)

Banco Fantasma

10.12.24, Maria Ribeiro
    Imagem: HallHere, Elizium   Agora que a Vida jovial e apressada, me acena à janela e pela carruagem é levada.    De madrugada na estação, ainda nublada, dia afora, noite adentro... Partem mais comboios que os que chegam. Só eu, as folhas e o vento, o rosto da solidão e do silêncio, Permanecem comigo. Dando-me mais conforto, que o casado grosso sob o qual me abrigo. Parece que o Futuro não tem mais nada para oferecer-me. Poderei sentar-me. E abandonar-me. Também... (...)

O que eu queria de presente

03.12.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Terra, Animedigitalart Shutterstock, Portal EdiCase   Falam do Natal passado, como um Fantasma aziago,  que amedronta toda a gente. Pudesse eu retroceder. Ter o tempo do meu lado, e seres vós o meu presente!   Tocar-vos as mãos já velhinhas. Encher-vos as bochechas de beijos. De bom agrado, passaria o ano com alegria. À espera desse dia! De noite nem dormiria, para acolher os meus desejos.   Natal sem vós é nostalgia. E um toque de melancolia,  nunca falta à mesa (...)

Porque não me basta evocar-te, Mãe!

30.11.24, Maria Ribeiro
    Se na chama desta vela. Na face de uma estrela, ver-te fosse possível. Abraçar-te de fio a pavio. Derreter de Amor entre soluços e lágrimas. Enterrar de vez a Saudade fundo. Para lá dos confins do Mundo! Rasgar esta falta, liquefazer o gelo que me traz transida. Beijar-te. Embebedar-me de olhar-te. Porque não me basta evocar-te. Escrever para honrar-te. Carpir.  E ir-me... Depois. Encarar a vida    

Breu mais puro

18.11.24, Maria Ribeiro
  Imagem: Freepik, gerado por IA   Lê-me na noite mais escura. Em que nenhum candeeiro brilhe ao cimo da terra. Exista vela, fósforo. Estrela. Raio, trovão. Lê-me na palma da mão. Predestinada. A traços cruzados. Erróneos. Desenhados. Lê-me nas palavras não escritas. Ditas. Pensadas. Lê-me nas enseadas. Nas rochas e troncos de árvore por lá perdidas. Já corroídas. Ou nas tábuas encalhadas. Das barcaças destemidas. Letras e letras registadas, no breu mais puro. Que (...)

Fugitiva

11.11.24, Maria Ribeiro
  Imagem: autossustentavel.com  Por algum tempo urge-me fugir da rotina, respirar pelos olhos.Ver com a alma.Deixar que o coração me caia aos pés, sentir a terra.Depor um beijo nas árvores e flores.Ondular as mãos como as asas dos pássaros.Descolar sem sair do lugar nem perder o rumo.Vou, rodopio, canto, assobio, danço!Solto lágrimas de alegria.Saúdo o cimo das montanhas.Ziguezagueio sobre os rios, curvando onde se inclinam.A direito, encontro o mar e baixo…Até tocar a (...)