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Silêncios

Talvez poesia. Um sondar d'alma e pouco mais.

Silêncios

Tinta e Sangue

29.10.25, Maria Ribeiro

 

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Nada almejo.
Caminho sob a chuva fininha e miúda.
Inalo os perfumes outonais das madrugadas e ocasos.
Olho o cume da serra envergonhado a sobressair da bruma cerrada. 
Compreendo que nada é meu e tudo passa a correr.
Um café na mão a escaldar.
Um chá, quiçá...

 

Nada almejo.
Deixo aos relógios o pouso sobre a mesa de cabeceira.
Aos dedos a simplicidade nua da carne sem adorno.
Legitimo a incorruptibilidade do papel mesmo conspurcado.
A tinta e o sangue como instrumentos de trabalho.
Um copo de água é vida.
Um de vinho, estímulo.


 Nada almejo.
Passo pelo tempo sem estranheza.
Não sabe quem sou e ignora-me o nome.
Reconheço que para progredir, recuar é preciso.
Que a qualquer emoção pertence irremediavelmente o seu antónimo.
Um grão de sal é essencial.
Um de areia, somo-lo todos.